quarta-feira, 20 de maio de 2009

O que me faz feliz.



O que me faz feliz é ter-te à luz da tarde, raios UV intensidade 4 (fraco), depois do almoço. Aquela bobeira pós-prandial, deitar contigo e te abraçar. “Deixa eu te abraçar”. Então tu me olha, sorri e fica esperando, apesar de saber que o que eu quis dizer foi “vira pra lá, conchinha, sono” - assim meio telegráfico naquela lassidão que me impede de abrir a boca direito. De costas pra mim, te toco com minhas mãos geladas - e tu reclama. Não importa, acho tudo isso lindo com aquela luz, teus ombros, tu praticamente sem roupa mesmo sabendo que vai ter de levantar em meia hora. Tudo lindo mesmo com o vizinho falando no telefone, aos berros, e as crianças fazendo aquele barulho que tu acha que é com um instrumento detestável e que eu finjo ter certeza de que não, eles fazem aquilo soprando as mãos de alguma maneira. Vamos dormir esses dez minutos restantes? Mas aí te beijo o pescoço, hm. Não, está bem, vamos dormir. Fico tentando abstrair todo o barulho lá de fora e acho fantástico quando tu dá aquele chutezinho com a perna que significa “estou pegando no sono”. Desligo o despertador – o mesmo que um dia tu derrubou no chão porque foi me fazer cosquinha e eu superreagi e te derrubei e tu bateu no criado-mudo depois caiu junto com o despertador e trrriiim – e te digo que está na hora de ir. Está na hora de ir embora. A gata mia lá fora, ouvindo nossas vozes. E essas são as meias horas que me dão aquele sorriso idiota de todos os dias.