sábado, 9 de abril de 2011

Atualidades


Ando dolorida da rotina pesada em que eu mesma me meti. Mas feliz, lépida formiga operária, sabe como eu gosto de me cansar até a última gota e desfalecer sob os lençóis sem nenhum prelúdio introdutório aos sonhos confusos. Dormir e acordar, tocar o dia, tem sido assim. Você faz algo que não gosto, ignoro, mudo de assunto, vou dormir e acordo bem; então recordo, penso por um segundo, mas logo durmo de novo, já é 6a feira, e de novo, é domingo e o seu perfume me inebria por aquelas horas de doces esquecimentos novamente. É isso. Tenho me deixado levar - mas não sem opor um cadinho de resistência para fingir desfrutar de algum controle. Você me surpreende todos os dias com uma compreensão inesperada e uma aceitação sobrehumana de todos os meus defeitos, e eu não posso deixar de ficar impressionada, sem entender o seu por quê. Estou fascinada com os mecanismos do seu manejo interpessoal: atiro um brinquedo pra longe e lhe espreito para ver se você tratá de volta pra mim. É assim. Você sempre me pega pela mão e me puxa lomba acima enquanto eu esperneio que meu bico caiu. E no final da ladeira você se chateia com meu escarcéu, mas me explica calmamente, mais uma vez, todas as suas certezas. Eu, contrariada, braços cruzados, reviro os olhos e faço careta, depois vou dormir acalentada por seu pulso firme, envolvida em toda a sua afeição. E de alguma forma sorrindo. Então durmo e acordo e está tudo bem de novo até o final do dia. “Até o fim dos dias?” “Você é tão otimista”, e rio da sua petulância.