domingo, 29 de junho de 2008

Rey e o Presépio

(Diretamente do fim de semana "parasito-lógico", como diria a Bárbara)

Estrebaria. Na manjedoura, o pequeno Menino Jesus. Maria ao redor, embalando a criança, José acomodando-se no feno. Estrela guia no céu, três reis magos chegando. E uma maldita mosca S. calcitrans picando todo mundo.

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PS.: "Stomoxys calcitrans. Conhecido como 'mosca das estrebarias'". Rey, Bases da Parasitologia Médica

sexta-feira, 20 de junho de 2008

O Segundo Fim

(Escrito em março de 2008)

E do que vivemos, meu amor
Sobrou apenas teu relógio quebrado
Perdido na gaveta perdida do meu criado-mudo
- perdido.
Quebrado,
E martela toda a manhã,
Às 7h,
Que nosso tempo passou.

-

Ainda mais do que relógio quebrado,
Meu amor,
Sobrou também a roupa que tu me deste
Que não consigo lavar
E sobrou o copo em que tu bebeste
Na pia com louça que não consigo limpar
Para completar a dor, meu amor,
Teu cabelo enrolado
Ainda nos lençóis que não consigo trocar
No chão que não consigo varrer.

O Despertar da Nada Bela Adormecida

(Escrito em 24.02.08)

Acordou cedo da manhã com aquele alarme desconhecido. Sonolenta, desgrenhada e cheia de remelas, chafurdou estabanada na gaveta do criado-mudo - que caiu, na escuridão do quarto fechado. Levantou-se, irritada e zonza, ascendeu a luz. Agüentou, corajosa, a dor dos olhos, que incharam. Sentada sozinha no canto da cama de casal que às vezes era enorme, esfregando o rosto com uma das mãos enquanto bocejava, a gaveta caída do chão juntada para o colo, encontrou finalmente o objeto misterioso. Sorrindo. Porque os príncipes de hoje poupam as adormecidas do beijo saburrento - esquecem com elas seus relógios.