sexta-feira, 20 de junho de 2008

O Segundo Fim

(Escrito em março de 2008)

E do que vivemos, meu amor
Sobrou apenas teu relógio quebrado
Perdido na gaveta perdida do meu criado-mudo
- perdido.
Quebrado,
E martela toda a manhã,
Às 7h,
Que nosso tempo passou.

-

Ainda mais do que relógio quebrado,
Meu amor,
Sobrou também a roupa que tu me deste
Que não consigo lavar
E sobrou o copo em que tu bebeste
Na pia com louça que não consigo limpar
Para completar a dor, meu amor,
Teu cabelo enrolado
Ainda nos lençóis que não consigo trocar
No chão que não consigo varrer.

Um comentário:

Ângela disse...

É interessante como sempre sobra alguma coisa. Quem dera que fossem relógios quebrados e roupas, apenas. O segundo fim? Às vezes, parece que as coisas nunca terão um fim, justamente pela dor causada ao tentar limpar os cacos que foram deixados... Mas um dia - ah, um dia! - conseguiremos!