sábado, 2 de agosto de 2008

Da Súbita Compreensão

Estava ele a ler umas histórias do Caio, sentindo-se um cara meio mulherzinha. Lendo histórias do Caio e com uma panela no fogo: é, baita mulherzinha. Pensava nela, que recém havia saído de casa, desligado o telefone, depois de mais uma conversa sobre o medo que sentiam do futuro tantas vezes negro. Lia uma linha quando aconteceu. Aconteceu uma lâmpada piscante sobre sua cabeça, bem estereotipada. Compreendeu, subitamente, que o problema maior dos dois era aquele apego exagerado às antigas dificuldades dos relacionamentos que àquele precediam. E, exaustos de tanto tentarem dar certo com tantas pessoas e de tanta chateação (seriam os dois assim, rancorosos?), cobravam-se demais, tinham medos demais – e acabariam com rugas a mais, amor errado a mais, se assim continuassem. Depositavam suas sacolas de expectativas um sobre os ombros do outro, e eram tão pesadas e tantas (“o amor de verdade deve superar os outros na intensidade e sublimar os erros prévios” ), que uns ouvidos andavam doendo e uns músculos cervicais andavam insuportavelmente tensos.

Um comentário:

Ângela disse...

Ah, e quem não deposita as sacolas de expectativas sobre os ombros do outro? Por mais que tentemos, acho que é inevitável. :/